Carnaval e Fuligem


Minha cidade canta a miragem
Cores acrobatas na avenida
O tapete vivo serpenteia no asfalto
Um suspiro alto abafado por metais violentos
Me retenho nas rendas trançadas, no som de clarim
Na viagem no tempo, na poesia do vento
Tão bela imagem de tamanho cacife
Confunde início ao fim. E lá se ia...
Numa noite agradável, sem resposta viril.
Seria aceitável, ao menos, tornar-se assim
Como os rios são de Recife
Ou como o samba é da Bahia
E a beleza é todinha do Rio.

E já é carnaval, meu bem
O batuque da mulata insiste
Em pisar forte, rasgar a sandália e sujar o pé
Insiste em gingar tão leve que desaba, na fuligem.
E roda. Roda a saia, abre a roda.
No entanto mergulha. Vertigem.
O teu íntimo, no ritmo... do teu beijo.
E o meu desejo é te querer.

Não. Longe de mim, tentar calar a fantasia,
Embora de dia perca o brilho, perca a força.
Mas não a lembrança da folia e da moça.
Muito menos do frevo que já tocou e já tocou.

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