p[r]onto


O fim é ilusão. Seja do horizonte, ou da frase.

Todo ponto final é uma falácia. A [in]finitude esférica - que faz de sua natureza completa altar - vê nascer o espaço negro, para sequestrar o incolor vazio inacabável. Mas o vazio não deixa de existir.

O ponto é a reação esquizofrênica à ausência. O sinete cínico da nossa intocável ignorância.

Mas também é, no ponto, que se aprofundam e se retorcem as nossas dilatadas raízes de conflito. Os axiomas de gênese pós-moderna. O triunfo da imagem, o império do rasteiro. A existência carrega, pois, no ethos, seu maior fardo. Atada, agoniza pela subversão feita máxima. Naturalizada. Anestesiada. A representação não é mais fator da existência; a existência, sim, que se faz parte dela.

E a Cegueira, amigo, carrega na mão cerrada o flagelo da amnésia.

As coisas, então, nos escapam. Nossa mediocridade nos basta. Nossas instituições nos completam. Excelente.

Sim. Sempre caberá uma frase depois do ponto final. Mas não importa. Ele nos é suficiente. Está ótimo, já acabou. Negligenciamos as novidades verdadeiras. Os enunciados reformado[re]s.

Só o desvelo óbvio satisfaz cristalinos, íris, retinas e tralhas do tipo. Fora isso, tudo é distante demais para ser enxergado. É claro demais para ser suportado

E se fosse?!

Hoje, se amor fosse oxigênio,

Meus alvéolos estariam sambando à regência do diafragma.
Os pulmões pipocariam em hematoses desregradas.

E, d'ali, se armaria uma fantástica indústria de serotonina
Cuja insuficiência seria diretamente proporcional à velocidade de produção.
- já que gostar é feedback positivo -

Então, eu solveria toda troposfera. Mesmo assim, faltaria ar.

Mas isso só vale pra hoje: e na condição de o amor ser oxigênio.

do intróito ao cabo

Imaginemos.

Nasce uma banda
Sortilégica, traseunte, remelenta.

Depois, alimenta saudosa ritmia capenga
sifilética, moribunda, escarrenta.

Dos passos se encontrando. Dois passos se entregando
da sacada: saca o talo, saco riso, seco taro, tiro lírico, lírio-liso.

Sacripanta.

Descompasso, abandona banda-una
Deixa à tona.
Se acabanda.